domingo, 5 de junho de 2011

Câmara aprova texto do novo Código Florestal

MÁRCIO FALCÃO
LARISSA GUIMARÃES
DE BRASÍLIA
25/05/2011 - 00h43
Após semanas de embate, negociações e troca de acusações, a Câmara dos Deputados aprovou ontem o texto da reforma do Código Florestal com alterações que significaram uma derrota para o governo.
Uma emenda aprovada por 273 votos a 182 rachou a base do governo levando os principais partidos governistas, PT e PMDB, para lados opostos. O texto da emenda consolida a manutenção de atividades agrícolas nas APPs (áreas de preservação permanente), autoriza os Estados a participarem da regularização ambiental e deixa claro a anistia para os desmates ocorridos até junho de 2008.
O líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), chegou a falar, em nome da presidente Dilma Rousseff, que a aprovação da emenda seria "uma vergonha".
Líderes reagiram às declarações. "Vergonha é um governo querer fazer tudo por decreto", disse o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP). Os discursos foram acalorados.
O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), negou que o texto, acordado com aliados e oposicionistas, seja uma derrota. "Sou o governo Dilma, não aceito que se diga aqui que está se derrotando o governo. Como se a proposta é nossa".
Mais cedo, a Câmara aprovou com 410 votos a favor e 63 contra o texto base do Código Florestal redigido pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Entre outros pontos, o Código define a isenção da reserva legal para as propriedade de quatro módulos (20 a 400 hectares, dependendo do Estado), ponto que o governo é contra. A emenda e o texto de Aldo foram considerados um retrocesso pelos ambientalistas que se revezaram na tribuna para fazer críticas à proposta.
O Código Florestal determina como deve ser a preservação de rios, florestas e encostas, combinada com a produção de alimentos e a criação de gado. Desde 1965, quando foi criado, o Código Florestal passou por várias modificações. Há 12 anos o Congresso tenta discutir um novo texto.
Em outubro de 2009, Aldo assumiu a relatoria. Apresentou um documento que foi alvo de críticas de ambientalistas e ruralistas. Ao longo do trabalho, o deputado foi acusado de defender os interesses do agronegócio e promover a anistia de desmatadores.
Questionado sobre seu texto final, Aldo disse que era "o possível", negando o alinhamento com os ruralistas e pedindo que a proposta seguisse para o Senado.
"Como relator, não aguento mais amarrar e desamarrar esse fecho de lenha e carregá-lo por mais tempo. É o momento de votarmos e deixarmos que o Senado realize seu trabalho", disse.
O governo pretende reverter no Senado pontos que é contra e ainda ampliar a punição do agricultor que for reincidente em crimes ambientais. Se não conseguir desfazer o quadro, a presidente Dilma Rousseff pretende vetar parte desses pontos.
Na campanha eleitoral, Dilma se comprometeu a não autorizar projetos que estabelecessem a redução de reserva legal e das APPs.
Mesmo prevendo que perderia a votação, o governo liberou a análise da proposta para destravar a pauta da Câmara que tem 11 medidas provisórias, sendo que a maioria perde a validade na próxima semana. O PMDB, principal aliado, já tinha se comprometido a não votar mais nada se o código não fosse analisado.
Nos últimos dias, o governo chegou a fazer concessões. O ministro Antonio Palocci (Casa Civil) fez uma série de reuniões para tentar ajustar o relatório de Aldo, mas não encontrou previsão regimental para a última aposta que tratava das APPs.
Como a discussão da matéria foi interrompida há duas semanas, nenhuma nova emenda poderia ser apresentada. O Planalto chegou a ampliar a proposta feita na véspera para tentar conseguir o apoio da base aliada.
Uma última cartada seria flexibilizar as APPs de matas ciliares (de rio) não só para propriedades de quatro módulos, que ficaram em 20%, mas também estabelecer um escalonamento para as APPs em terras de até 10 módulos. "O governo chegou com uma proposta muito boa, mas tarde demais", disse o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
O governo também resistia a isenção da reserva legal para os quatro módulos. Queria que o texto de Aldo trouxesse apenas previsão para agricultura familiar, mas o relator insistiu em incluir pequenos proprietários. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a medida deixará 15 milhões de hectares, o equivalente ao território do Acre, sem reflorestamento.

Senado aprova acordo entre Brasil e Paraguai sobre Itaipu

GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
11/05/2011 - 22h28
Em meio a protestos da oposição, o Senado aprovou nesta quarta-feira o acordo entre Brasil e Paraguai que triplica o valor pago pelo governo brasileiro pela energia gerada na hidrelétrica de Itaipu não utilizada no país vizinho.
O projeto amplia os valores estabelecidos no Tratado de Itaipu para os pagamentos por cessão de energia efetuados pelo Brasil ao país.
A aprovação ocorre às vésperas da visita da presidente Dilma Rousseff ao Paraguai, marcada para domingo.
Por pressão do Palácio do Planalto, governistas se articularam para aprovar o projeto a tempo de Dilma levar a "boa notícia" ao presidente paraguaio, Fernando Lugo.
Por se tratar de projeto de decreto legislativo, o texto entra em vigor logo depois da sua publicação - sem a necessidade de ser sancionado pela presidente.
Pelo texto, o Brasil vai elevar de 5,1 para 15,3 o fator de multiplicação aplicado aos valores estabelecidos no Tratado de Itaipu para os pagamentos por cessão de energia.
Na prática, a mudança de cálculo multiplica por três o valor gasto pelo governo brasileiro para financiar a energia produzida em Itaipu.
Segundo a oposição, o valor de US$ 120 milhões pagos anualmente pelo governo ao Paraguai vai subir para próximo de US$ 360 milhões.
Com maioria folgada no Senado, os governistas aprovaram o texto sem dificuldades --apesar dos protestos de senadores do DEM, PSDB e PPS.
O senador Itamar Franco (PPS-MG) disse que os consumidores brasileiros vão sofrer impactos da mudança de cálculo. "Consumidores e contribuintes serão claramente afetados por esse aumento", afirmou.
"O presidente Lula fez acordo com o presidente Lugo para que o Brasil acudisse os paraguaios. Isso serviria também para resolver o problema dos brasiguaios, que encontram extrema dificuldade para regularizar sua situação fundiária no país", disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Câmara aprova plebiscitos para dividir Pará em três Estados

LARISSA GUIMARÃES
DE BRASÍLIA
05/05/2011 - 13h01
A Câmara aprovou nesta quinta-feira a realização de plebiscitos no Pará para a criação de dois novos Estados, Carajás e Tapajós. Os dois territórios poderão ser desmembrados do Estado do Pará.

No caso de Carajás, será promulgado um decreto legislativo e o plebiscito terá de ser feito no prazo de seis meses. O projeto que prevê um plebiscito sobre a criação de Tapajós ainda voltará para o Senado.
De acordo com o deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA), já foram reservados no orçamento deste ano R$ 8,6 milhões para a realização dos plebiscitos. A ideia, no entanto, é aguardar a aprovação para Tapajós no Senado e fazer um só plebiscito sobre a criação dos dois novos Estados.
Pelo texto, Carajás ficará no sul e sudeste do Pará e contará com 39 municípios --a maior cidade da região é Marabá. Tapajós ficará a oeste do Estado, com 27 cidades --a maior é Santarém.
Queiroz afirmou que há "dois laboratórios a céu aberto" no país que, segundo ele, comprovam que a divisão territorial poderá trazer mais desenvolvimento à região.
"Tocantins e Mato Grosso do Sul, que foram desmembrados, estão hoje em situação melhor. Tocantins era antes o corredor da miséria goiana", disse.
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) foi um dos poucos críticos do plebiscito para a criação dos dois novos Estados, que foram aprovados na Câmara por votação simbólica.
"A criação de mais Estados não necessariamente fortalece a federação e melhora o atendimento à população. Vai haver uma demanda de aparato administrativo", afirmou.