segunda-feira, 28 de maio de 2012

Rio São Francisco; o "Velho Chico"

Em março de 2011 o Jornal da Record produziu uma série especial (Velho Chico, o Caminho das Águas) sobre um dos rios mais importantes do país, o rio São Francisco. A série destaca a riqueza natural e cultural, a hidrovia e a polêmica obra da transposição de suas águas. Infelizmente não consegui encontrar o último vídeo da reportagem no Youtube. Mesmo assim vale a pena conferir.






Câmara aprova expropriação de terras com trabalho escravo

CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
22/05/2012 - 19h58
Numa derrota da bancada ruralista, a Câmara aprovou nesta terça-feira por 360 votos a 29 a Proposta de Emenda Constitucional 438/2001, que prevê a expropriação de terras onde se pratica trabalho análogo à escravidão no Brasil. Na sessão, 25 deputados se abstiveram.
A vitória do governo, que queria a proposta aprovada antes da Rio+20, ocorre menos de um mês depois de os mesmos ruralistas terem imposto a Dilma Rousseff uma derrota no Código Florestal.
A proposta agora vai ao Senado, onde os parlamentares ruralistas devem tentar se articular para derrubá-la.
O resultado da votação, porém, dá respaldo ao governo: foram 34 votos a mais do que quando a PEC passou em primeiro turno na Câmara, em agosto de 2004.
A bancada agrária tentou esvaziar a votação, orientando seus deputados a se ausentarem do plenário ou votarem contra a PEC.
Eles disseram não confiar num acordo informal feito com o governo para a proposição de um projeto de lei complementar que altere a definição legal de trabalho análogo ao escravo.
A ideia é, paralelamente à mudança na Constituição, aprovar no Congresso um projeto que exclui da definição as condições degradantes de trabalho e a jornada excessiva de trabalho -- antigo desejo dos ruralistas.
Hoje, elas constam do artigo 149 do Código Penal, que prevê reclusão de dois a oito anos, além de multa, a quem reduzir alguém a escravo.
Os ruralistas também queriam definir quando deve ocorrer a expropriação. Para eles, só devem ser expropriadas as fazendas cujas acusações de trabalho escravo já tenham transitado em julgado, ou seja, receberam decisão definitiva na Justiça.
Pelo acordo, uma comissão de cinco deputados e cinco senadores ficaria encarregada de produzir as alterações, a serem aplicadas na regulamentação da PEC.
Por enquanto, o que vale é a definição do Código Penal.
Na abertura da sessão, no fim da tarde de ontem, o PTB foi o único partido a orientar seus deputados contra a PEC.
"Isso [expropriação] tinha na Rússia e querem colocar no Brasil", discursou o petebista Nelson Marquezelli (SP).
Segundo ele, a proposta dá poder excessivo aos fiscais do Ministério do Trabalho, que poderão determinar que um fazendeiro com apenas um trabalhador em regime de escravidão seja expropriado.
A relatora da ONU para o trabalho escravo, Gulnara Shahinian, descarta o risco.
"O Brasil tem três instâncias recursivas na Justiça pelas quais sentenças abusivas podem ser revogadas", disse ela à Folha.
No decorrer da votação, temendo o custo político de ter o partido associado com a escravatura, o PTB desautorizou Marquezelli e mudou sua orientação.
O plenário da Câmara e as galerias desabaram em aplausos e deputados cantaram o Hino Nacional depois que o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), proclamou o resultado da votação.
"Ninguém vai sair expropriando terras a torto e a direito", afirmou Leonardo Sakamoto, diretor da ONG Repórter Brasil, especializada na fiscalização do trabalho análogo à escravidão, e principal porta-voz da proposta na sociedade civil. "O que a PEC faz é trazer um elemento simbólico importantíssimo. A Constituição prevê que a propriedade tem função social. A PEC torna isso realidade."


sábado, 26 de maio de 2012

Veto parcial a Código Florestal divide ruralistas e ambientalistas

Veja a reportagem do Jornal Nacional e depois leia a reportagem da Folha de S. Paulo.


JOÃO FELLET
PAULO CABRAL
DA BBC BRASIL EM BRASÍLIA E SÃO PAULO
25/05/2012 - 21h32
A decisão da presidente Dilma Rousseff de vetar 12 trechos do Código Florestal dividiu ambientalistas e ruralistas. Enquanto os primeiros lamentaram que o veto ao código não tenha sido integral, representantes do agronegócio afirmaram que, à primeira vista, o anúncio do governo foi "mais palatável" que o esperado.
O engenheiro agrônomo do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP) Luiz Antônio Martinelli gostaria de ter visto um veto total ao Código Florestal, mas acredita que o governo fez o possível dentro do atual clima político.
Governo veta 12 pontos e faz 32 modificações no Código Florestal
Veto parcial ao Código Florestal é 'medida certa', diz Temer
Ambientalistas criticam decisão do governo sobre Código Florestal
"Em termos de meio ambiente acho que a lei deveria ter sido totalmente derrubada, mas nós sabemos que isso seria politicamente muito difícil, então estou meio feliz porque pelo menos uma parte foi vetada", disse.
"Dilma não tem agora uma base suficientemente forte para que ela pudesse ter vetado a lei toda. Por outro lado, a Rio+20 está chegando, e acho que se a presidente não tivesse vetado pelo menos parte da lei a participação do Brasil na conferência seria desastrosa."
No entanto, o acadêmico diz que tampouco tem certeza de que a presidente Dilma Rousseff teria vetado completamente a lei, mesmo que tivesse condições para isso --por conta do intenso debate que ocorre no Brasil entre desenvolvimento e conservação.
"Há setores no governo, como os ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia, que defendiam o veto total à lei, mas nós sabemos que dentro do governo há uma grande disputa entre desenvolvimentistas e ambientalistas."
MATA CILIAR
A ativista do Greenpeace para a Amazônia, Tatiana de Carvalho, disse que o grupo avalia que os vetos da presidente Dilma Rousseff não foram suficientes para deixar o texto do novo Código Florestal satisfatório.
"Esperávamos que a presidente vetasse tudo, porque os cortes que o governo fez não serão suficientes para garantir a proteção ao meio ambiente."
A ativista diz que há diversos aspectos ocultos em detalhes técnicos da lei que podem ser perigosos, como a definição das áreas de proteção de mata ciliar.
"Atualmente a margem dos rios na Amazônia é definida de acordo com seu ponto maior e o texto (apresentado pelo Congresso) prevê que seja usada o ponto médio."
Carvalho afirma que o Greenpeace vai tentar colher assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular que garanta o desmatamento zero.
Já o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho, disse que "num primeiro momento" a entidade "avalia bem" as decisões da presidente Dilma Rousseff, porque o código não foi vetado totalmente.
"Ficamos felizes que a presidente tenha resistido a provocação para que vetasse uma lei que já está há tantos anos em discussão no Parlamento."
Mas Ramalho ressalva que isso não significa que os produtores rurais estejam completamente satisfeitos com a feição que o Código está tomando.
"O Brasil certamente vai perder áreas de plantio, mas exatamente quanto é algo que ainda temos que calcular."
DEBATE
Ramalho acredita, no entanto, que os deputados ruralistas vão aceitar reabrir as discussões com base nos vetos sem procurar retomar as discussões do zero.
"Claro que há elementos radicais nos dois lados (ambientalistas e ruralistas), mas do nosso lado são uma minoria. A maioria dos deputados com quem temos contato tem falado a favor do caminho do meio".
Para o novo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Homero Pereira (PSD-MT), a decisão de Dilma foi "mais palatável" do que o previsto.
"Não estou vendo os cortes (vetos) como um grande impacto, mesmo porque o ministro (da Agricultura) Mendes Ribeiro garantiu no anúncio que estão garantindo a proteção ambiental, sem reduzir a área de produção. Se isso é verdade, ótimo", afirmou à agência "O Globo".
Ele afirmou, porém, que só poderá analisar as mudanças em detalhe quando a Medida Provisória que modifica o código for publicada, na segunda-feira.



Governo veta 12 pontos e faz 32 modificações no Código Florestal


CLAUDIO ANGELO
KELLY MATOS
DE BRASÍLIA
25/05/2012 - 14h46
A presidente Dilma Rousseff vetou 12 pontos do projeto do novo Código Florestal aprovado pelo Congresso. As alterações foram apresentadas nesta sexta-feira no Palácio do Planalto pelos ministros Izabella Teixeira (Ambiente), Mendes Ribeiro (Agricultura), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário) e Luis Inácio Adams (Advocacia-Geral da União).
O prazo para que a presidente sancionasse ou vetasse o texto, aprovado pela Câmara, terminava hoje. Na apresentação, os ministros apresentaram apenas alguns dos itens que foram alterados, sem detalhamentos. O relatório completo será publicado no "Diário Oficial da União" da segunda-feira. "Não queremos antecipar essa divulgação sem fazê-la ao Congresso Nacional", disse o ministro da AGU, Luis Inácio Adams.
Ele destacou os vetos aos artigos 1º e 61. De acordo com Adams, além dos vetos, foram promovidas 32 modificações. Destas, 14 recuperam o texto aprovado no Senado, cinco correspondem a dispositivos e 13 tratam-se de ajustes ou adequações de conteúdo ao projeto de lei.
As alterações pretendidas pelo governo serão editadas através de Medida Provisória, que deverá ser publicada, juntamente com os vetos, no "DO" de segunda.
Na apresentação, a ministra Izabella Teixeira afirmou que o governo buscou "recompor o texto do Senado, preservar acordos, respeitar o Congresso, não anistiar o desmatador, preservar os pequenos proprietários, responsabilizar todos pela recuperação ambiental, manter os estatutos de APP e de Reserva Legal".
O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, tentou evitar que as decisões sejam consideradas como pró-ambientalistas ou como pró-ruralistas.
"Esse não é código dos ambientalistas, não é o código dos ruralistas, este é o código do bom senso", afirmou Mendes Ribeiro.

Editoria de Arte/Folhapress
Tabela divulgada pelo Planalto determina o tamanho das áreas que devem ser recomposta nas margens de rio; Exemplo: em uma propriedade de dois módulos fiscais, a margem de um rio de até dez metros de largura deve ter oito metros de sua margem recomposta, desde que esteja dentro do limite de 10% do tamanho da propriedade
Tabela com o tamanho das áreas que devem ser recomposta nas margens de rio; Exemplo: em uma propriedade de dois módulos fiscais, a margem de um rio de até dez metros de largura deve ter oito metros de sua margem recomposta, desde que esteja dentro do limite de 10% do tamanho da propriedade

PEQUENOS PRODUTORES
Em relação aos pequenos produtores, o governo optou por acrescentar à MP a chamada "escadinha", ou seja, um escalonamento das faixas de recuperação de florestas de acordo com o tamanho da propriedade. "Todos terão que contribuir para recomposição das APPs (áreas de preservação permanente). Mas a recomposição vai levar em consideração proporcionalmente o tamanho da propriedade de cada produtor.
"Quem tem menos área de terra, vai recompor menos APP. Quem tem mais, vai recompor mais", afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas.
Pela manhã, Dilma e os ministros ligados ao tema conduziram uma apresentação prévia do novo código aos líderes do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), e no Congresso, José Pimentel (PT-CE).
O governo aproveitou para acertar a estratégia na tramitação de uma nova proposta no Congresso para cobrir as lacunas que eles deixarão na lei.
Na reunião, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, sugeriu à presidente que promova uma reunião ampliada com os demais líderes de partidos da base.
DISCUSSÕES
A estratégia de veto foi decidida ontem à noite, após uma exaustiva série de encontros que a presidente vinha fazendo desde sábado com os ministros Gleisi Hoffman (Casa Civil), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Mendes Ribeiro (Agricultura), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário) e Luis Inácio Adams (Advocacia-Geral da União).
Nos encontros, chamados por membros do governo de "sessões de espancamento", cada artigo do código foi discutido, com direito a aulas particulares de especialistas, como o agrônomo Gerd Sparovek, da Esalq-USP, e o ex-ministro Roberto Rodrigues.
Prevaleceu no governo a posição de Izabella, que defendia o texto do Senado como o melhor acordo possível para conciliar produção agrícola e conservação.
Ontem à noite, ambientalistas iniciaram uma vigília em frente ao Planalto. A polícia teve de intervir, mas não houve confronto. O governo recebeu uma petição com 1,9 milhão de assinaturas pedindo o veto ao novo código.


segunda-feira, 21 de maio de 2012

Al Qaeda reivindica ataque no Iêmen; ministro era alvo

A EFE, EM SANAA
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
21/05/2012 - 14h31


A rede terrorista Al Qaeda reivindicou o atentado ocorrido nesta segunda-feira durante o ensaio de um desfile militar na cidade de Sanaa, em que ao menos 90 pessoas morreram.
Novo balanço aponta 90 mortes em atentado no Iêmen
Em um comunicado, o grupo diz que o objetivo da operação era assassinar o ministro da Defesa, Mohamed Naser Ahmad, que se encontrava no local da explosão mas saiu ileso.
Ao menos 90 pessoas morreram e outras 222 ficaram feridas no atentado suicida, de acordo com o Ministério da Defesa local.
Foi o atentado mais sangrento desde o início da revolta popular, no início do ano passado, que derrubou o regime do ditador Ali Abdullah Saleh.
O ataque foi perpetrado na praça de Sabein, onde se encontravam o ministro Naser Ahmad, e o chefe do Estado Maior, Ali al Ashual.
ários membros das forças de segurança que presenciaram o ataque disseram à agência Efe que um suicida, vestido de uniforme, detonou um cinto de explosivos ao fim do ensaio.
O Ministério informou que todas as vítimas eram recrutas da polícia e do Exército, que preparavam o desfile para a celebração dos 22 anos da unificação do Iêmen.
AMEAÇA
O Iêmen é reduto da AQAP (Al Qaeda na Península Arábica) e é considerado pelos Estados Unidos uma grande ameaça, não apenas para a segurança da região mas também para a segurança interna. Um instrutor militar dos EUA ficou ferido em um ataque a uma equipe militar norte-americana no domingo.
Editoria de Arte/Folhapress
Nesta segunda-feira, pedaços de corpos e sangue ficaram espalhados pela avenida de dez faixas onde acontecia a apresentação militar. A área foi isolada pelas autoridades.
"Estávamos em um desfile, e de repente houve uma enorme explosão. Dezenas dos nossos homens morreram. Nós tentamos ajudá-los", disse um homem que identificou-se como coronel Amin al-Alghabati, com as mãos e o uniforme sujos de sangue.
"O homem-bomba estava vestido com uniforme militar. Ele tinha um cinto com explosivos no corpo", acrescentou a testemunha.








Tremor atinge Montes Claros (MG)

Na sexta-feira (18/05) a cidade mineira de Montes Claros tremeu por causa de uma acomodação do solo. Veja na reportagem abaixo:

Terremoto na Itália

Na madrugada de domingo (20/05) o norte da Itália sofreu um tremor que abalou as estruturas de construções seculares além de provocar 7 mortes e dezenas de feridos. Acompanhe na reportagem abaixo.


Em abril de 2009 a Itália já tinha sofrido um grande terremoto na cidade de L'Aquila, com centenas de mortos.
Veja a reportagem abaixo.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Contrastes no Brasil: Cheias e Secas

Atualmente duas regiões brasileiras vivem situações opostas no que se refere a disponibilidade de água: na Amazônia, as constantes chuvas fizeram com que o rio Negro atingisse mais um recorde histórico, o maior nos últimos 110 anos. Já no sertão baiano, a seca é a pior dos últimos 30 anos. Acompanhe as reportagens abaixo:



Mais um atentado das Farc


Na terça-feira (15/05/2012) houve mais um atentado com explosivos que deixou dois mortos e 39 feridos na região central de Bogotá, incluindo o ex- ministro do Interior, Fernando Londoño. Principal suspeito pela ação: as Farc. Abaixo há um texto interessante sobre o processo de "renovação" da guerrilha apontado pelo historiador, Medófilo Medina, que conviveu com alguns guerrilheiros.

Para historiador com laços com as Farc, guerrilha está em 'renovação'

LEANDRA FELIPE
DE BOGOTÁ PARA A BBC BRASIL

As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) estão passando por um processo de renovação geracional, segundo um dos maiores estudiosos do conflito armado no país vizinho, Medófilo Medina, de 67 anos.
O historiador se formou na antiga União Soviética, foi membro do Partido Comunista e conviveu, na juventude, com dois ex-comandantes da guerrilha, Manuel Marulanda (conhecido como Tirofijo), morto em 2008, e Alfonso Cano, abatido em uma operação do Exército colombiano em 2011.
Aparentemente enfraquecidas, as Farc continuam a enfrentar forças de segurança do governo colombiano, que acusa a guerrilha de estar por trás de vários ataques a bomba e atentados contra soldados, policiais e autoridades. Nesta semana, uma explosão em Bogotá matou duas pessoas e deixou dezenas feridas em um atentado que mirava o ex-ministro do interior, Fernando Londoño.
Embora tenham anunciado recentemente o fim dos sequestros, as Farc também mantêm em seu poder diversos cativos, como o jornalista francês Romeo Langlois, capturado recentemente.
O sequestro de civis, o assassinato de reféns, o recrutamento forçado de crianças e o uso de minas terrestres também fizeram a guerrilha perder o apoio que tinha de determinados setores da sociedade colombiana.
Polêmico, Medina provoca inimizade tanto na direita colombiana, que o acusa de manter elos com a guerrilha, como na esquerda mais radical, alvo de suas críticas mais duras. Ainda assim, é uma das vozes mais ativas sobre a necessidade de se negociar a paz no país.
Em julho do ano passado, o historiador publicou uma carta aberta ao então líder máximo da guerrilha, Alfonso Cano, falando do fracasso da luta armada para a tomada do poder. Com a morte de Cano, a carta foi respondida pelo novo líder das Farc, Timoleón Jiménez, o Timochenko, que chegou a acenar com a possibilidade de negociar a paz.
Veja a entrevista:
BBC Brasil - O presidente Juan Manuel Santos teria condições de negociar com as Farc?
Medófilo Medina - Que ele seria capaz, não há dúvida. Antes de conversar com as Farc, Santos deveria ter negociações e conversas com os poderes constituídos e, especialmente, convencer os militares. Sem um acordo com as Forças Armadas, as circunstâncias pessoais de Santos, como a flexibilidade e a disposição, são irrelevantes.
BBC Brasil - Mas será que Santos não pensa nisso?
Medina - Eu creio que ele pensa, mas há uma distância entre pensar e dar passos para resolver. Quero dizer que Santos precisa muito convencer as forças militares colombianas, que são grandes, cerca de 450 mil homens. Os militares não veem com satisfação processos de paz e o término político e negociado do conflito. O que fazer com eles se a guerra acaba?
BBC Brasil - As Farc estão em desvantagem numérica e operacional. Por que ainda resistem?
Medina - Calculamos hoje que existam 8 mil homens das Farc, frente a esse Exército gigantesco de 450 mil. Como as Farc resistem? Bem, esse é o fenômeno. O que vale a pena sublinhar é que as Farc, apesar de todos os golpes que têm sofrido, desde 2002 até agora, desde o fechamento da zona de distensão de Caguán (área desmilitarizada para negociação), conservam uma unidade de comando, mantendo-se como uma organização nacional.
Isso é surpreendente, sobretudo quando se considera que eles fazem isso tendo péssimas condições de comunicação. Essa unidade é um fator que deveria animar o governo a abrir conversações de imediato. Desde 2003, os governos sempre têm dito "estamos chegando ao fim" ou "as Farc estão a ponto de serem aniquiladas", mas os anos vão se passando e tudo continua. Por isso essas avaliações de que guerrilha está acabando não são realistas. Essa não é uma guerra de exércitos regulares, que vai acabar com data e batalha determinadas.
BBC Brasil - Existem setores na Colômbia que ganham com a continuidade do conflito armado?
Medina- Temos que examinar setor por setor. Há beneficiados com essa continuação prolongada. Manter a guerra é mais fácil que se chegar à paz. Além das Forças Armadas, existe também uma classe política que é contrária ao término negociado. Nem todos os políticos se beneficiam da guerra, mas nos últimos anos uma grande parte da classe política se renovou, vinda do paramilitarismo (grupos armados de direita). O conflito armado beneficia a "parapolítica".
Até mesmo algumas multinacionais se beneficiaram com a pressão que o conflito exerceu no campo. Os combates, a ação paramilitar e das guerrilhas pela tomada de terras deslocaram camponeses e deixam zonas agrícolas "livres" para serem usadas. Várias companhias estrangeiras, produtoras de palma, de banana e petrolíferas aprenderam a lidar com o conflito interno, pagando suas vacunas (impostos à guerrilha e aos paramilitares) e fazendo acordos. Por isso não existe urgência para que o conflito pare. Mesmo as Farc estão em condições de sustentar a guerra e eles têm setores sociais que os apoiam, no campo particularmente, mas também em algumas partes das cidades.
BBC Brasil - Hoje quem apoia as Farc nas cidades?
Medina- Em grandes concentrações humanas, nos grandes bairros populares de Bogotá, ou nas comunas de Medellín, ou em Cali, sempre se encontra toda sorte de representantes de agentes de grupos com armas, não só das Farc, mas também dos paramilitares, do ELN (Exército de Libertação Nacional, outra guerrilha de esquerda). Não creio que haja um setor intelectual tão grande envolvido com as Farc, mas existem técnicos profissionais e professores nos centros educativos que apoiam e que trabalham com eles.
BBC Brasil - O atual líder, o Timochenko, aparentemente se comunica mais que seu antecessor, Alfonso Cano, e fala mais em negociação. O senhor acha que Timochenko realmente quer negociar?
Medina- Eu creio que efetivamente Timochenko busca conversações com o governo, não só ele, mas também outros dirigentes.
BBC Brasil - Esse seria um sinal de cansaço da guerrilha?
Medina- Existem vários elementos: o cansaço é um deles, mas acho que o mais importante é que eles estão fazendo um "balanço" de que não é possível chegar ao poder pelo caminho das armas. Mas isso também não quer dizer que, enxergando isso, eles vão se desmobilizar por uma simples entrega unilateral e incondicional.
BBC Brasil - O senhor crê que há divergências no comando das Farc? Os comunicados de Timochenko parecem mais pró-negociação, enquanto que as últimas declarações de Iván Marquéz (segundo na linha de comando) parecem mais duras com relação à manutenção da guerra?
Medina- Temos que interpretar esses vídeos e comunicados com muita atenção, mas pra mim não parece que haja tanta diferença no tom de cada um. O que eu vejo é uma postura mais tradicional das Farc, no que diz Iván Marquéz, mas não é necessariamente um contraste radical com o estilo de Timochenko.
Eu acho que estes juízos são especulações. Acho que ao invés de fazerem algo convencional (no caso do sequestro do jornalista francês), como divulgar um comunicado via Anncol (site de notícias das Farc), eles designaram um jovem comandante da Frente 15 (com quem está o jornalista) para ler o comunicado (em um vídeo).
Ao fazerem isso, as Farc estão dando um recado também. Esse guerrilheiro, Ancízar, até então desconhecido, é jovem, com uma presença forte e estava rodeado de outros jovens soldados. Ele não se intimidou ao ler o texto e nem tremeu as mãos. As Farc quiseram comunicar algo nesse cenário também.
BBC Brasil - Que recado quiseram dar?
Medina- Eu vi antes de tudo a imagem de renovação. Eles querem dizer: "Vejam, nós estamos em um processo de renovação, tem gente jovem que responde, que é preparada". Eu vi mais por este lado de aproveitarem a oportunidade para passarem uma nova imagem, que pelo de que eles estariam tentando camuflar ou ocultar as diferenças sobre o assunto, que podem existir.
BBC Brasil - De 2008 para cá, as Farc perderam vários membros do secretariado, em função da ação militar intensificada. Por isso os subcomandantes subiram na hierarquia. Os mais jovens que estão assumindo posições têm a mesma formação que os mais antigos?
Medina - Certamente não. Mas os quadros mais antigos não tinham apenas uma formação mais clássica, digamos do comunismo de Moscou, mas também mais obsessões e mais intransigências. Os mais jovens têm menos amarras e são mais flexíveis.
O discurso de Timochenko, de certo modo, tem mostrado menos rigidez. Eu vejo até uma diferença cultural. Aqueles que foram formados no Partido Comunista, como Alfonso Cano e Marulanda, eram culturamente diferentes destes que vieram depois. Não digo que eram menos avançados, mas eles têm percepções diferentes. Eu creio que Timochenko está refletindo essas Farc um pouco mais novas.
BBC Brasil - O senhor conheceu e foi amigo de Alfonso Cano....
Medina - Sim, quando eu estudava em Moscou, eu o encontrava por lá. Nos víamos e nos encontrávamos em algumas festas. Mesmo depois, quando ele já era guerrilheiro. E em meados dos anos 1980 o reencontrei e pudemos conversar um pouco. Ele era um quadro estudantil, com certo espírito de liderança, bastante intelectualizado, mas que mudou no ambiente da guerrilha e na direção das Farc, transformando-se em um fanático.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

A Polêmica dos Transgênicos

O canal Globo News, em seu programa Cidades e Soluções (02/2011), fez uma bela reportagem sobre os pontos positivos e negativos sobre os organismos geneticamente modificados (ogms). Confira nos vídeos abaixo:


Esquerda rejeita coalizão; Grécia se aproxima de nova eleição

14/05/2012 - 08h20
DA REUTERS, EM ATENAS
O líder radical de esquerda grego, Alexis Tsipras, recusou um convite do presidente para fazer uma última tentativa de formar um governo de coalizão nesta segunda-feira, deixando praticamente certa a convocação de uma nova eleição em que ele deve sair como vencedor.
A Grécia vive uma grave crise política há uma semana, desde que uma eleição inconclusiva deixou o Parlamento dividido entre os que defendem e os que são contra o pacote de € 130 bilhões de ajuda da UE e do FMI. Nenhum dos lados tem assentos suficientes para formar um governo.
Autoridades alertaram que a Grécia pode ficar sem dinheiro já no final de junho se não chegar a um acordo para formar um governo que negocie a ajuda com seus credores.
"O país está à beira do colapso e as esperanças de se restaurar a estabilidade política estão se esvaindo", disse o jornal financeiro Imerisia em um editorial.
O presidente Karolos Papoulias tem que convocar novas eleições se não conseguir convencer os líderes partidários a formarem uma coalizão.
Após um dia de negociações em vão no domingo, ele convidou políticos dos três maiores partidos para voltarem à residência presidencial às 13h30 (horário de Brasília), junto com um pequeno grupo de esquerda.
SEM SYRIZA
Mas um membro importante do segundo maior partida, o radical de esquerda Syriza, disse que seu líder Alexis Tsipras, de 37 anos, não vai comparecer.
Os eleitores contra o pacote de ajuda dividiram seus votos em pequenos partidos na votação deste mês, mas agora estão unidos em apoio a Tsipras.
Pesquisas mostraram que ele agora ficaria em primeiro lugar numa nova eleição, o que lhe daria um prêmio de 50 assentos extras no Parlamentos de 300 lugares.
RECUSA
Tsipras se recusa a fazer parte de uma governo de coalizão com os conservadores ou os socialistas que governaram a Grécia nas últimas décadas, mas que foram punidos pelos eleitores insatisfeitos com o pacote de resgate da UE, que exigiu cortes duros nos salários e aposentadorias e aumento de impostos.
Ele diz que deseja manter a Grécia na zona do euro, mas que os termos do acordo devem ser cancelados. Essa posição é dividida pela maioria dos gregos, mas considerada inaceitável por muitos em Bruxelas.
Líderes europeus alegam que suspender os termos do acordo significaria o fim do pagamento das parcelas de ajuda à Grécia, que permitiram até agora ao país escapar da falência. Atenas também seria excluída do euro.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Polêmica sobre a transposição das águas do rio São Francisco

O Jornal da Cultura de setembro de 2011 exibiu uma reportagem sobre a polêmica obra de transposição das águas do rio São Francisco. Vale a pena conferir!


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Supremo anula títulos de fazendeiros em terra indígena na Bahia

Questão indígena

por Débora Zampier
Mais de 30 fazendeiros e empresas agropecuárias terão que desocupar uma área indígena de 54 mil hectares no sul da Bahia. A decisão foi tomada nesta quarta-feira 2 pelo Supremo Tribunal Federal. Por placar de 7 votos a 1, os ministros entenderam que os títulos são nulos porque estão dentro de uma reserva demarcada em 1930.
A ação foi ajuizada há quase três décadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai), que pretendia garantir aos índios pataxós hã-hã-hães o direito à posse e ao usufruto exclusivo da terra Caramuru-Paraguassu. A reserva fica nos municípios de Camacan, Pau-Brasil e Itaju do Colônia, no sul da Bahia.
O assunto não estava na pauta desta tarde, mas foi incluído atendendo a um pedido da ministra Cármen Lúcia. Ela alegou que a situação no local é grave, já que os índios estão ocupando o terreno a força e já houve morte e agressões devido ao conflito.
A primeira decisão sobre o assunto foi tomada em 2008, quando o relator do caso, ministro Eros Grau, deu liminar favorável aos indígenas. No entanto, a execução dessa decisão provisória nunca aconteceu.
O caso foi a plenário alguns meses depois, e após o voto de Grau, o ministro Menezes Direito pediu vista para analisar melhor o processo. Ele morreu logo em seguida e seu substituto, Antonio Dias Toffoli, se declarou impedido de participar do julgamento por ter ocupado o cargo de advogado-geral da União.
Leia também:

O julgamento foi retomado nesta tarde com o voto de Cármen Lúcia. Assim como Grau, ela entendeu que os títulos emitidos dentro da reserva eram nulos. No entanto, descartou pedido da Funai para desocupação de áreas fora da reserva – segundo o órgão, estudos antropológicos mostram que o terreno também era ocupado por indígenas.
Também votaram pela desocupação os ministros Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Cezar Peluso, Celso de Mello e o presidente Ayres Britto. “O patrimônio nosso, um terreno, uma casa, é material, mas para o índio é muito mais que material, é imaterial. A terra é uma alma, é algo espiritual”, disse Britto.
O único voto contrário foi do ministro Marco Aurélio Mello, que também discordou que o assunto fosse julgado hoje.
Apesar de garantirem o direito aos indígenas, os ministros não definiram como será feita a desocupação e deixaram o assunto a cargo do ministro Luiz Fux, que substituiu Eros Grau quando este se aposentou.
A questão dos índios pataxó hã-hã-hães foi pano de fundo para o assassinato do índio Galdino Jesus dos Santos, queimado em Brasília por jovens de classe média em 1997. Ele foi a capital com uma comitiva para tratar das terras indígenas com o Ministério Público Federal.
*Matéria originalmente publicada em Agência Brasil

STF decide por unanimidade que sistema de cotas é constitucional

26/04/2012 - 19h41
DE SÃO PAULO
O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quinta-feira por unanimidade que o sistema de cotas raciais em universidades é constitucional. O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, iniciou seu voto --o último dos ministros-- por volta das 19h30, antecipando que acompanha o voto do relator Ricardo Lewandowski.
O julgamento, que terminou por volta das 20h, tratou de uma ação proposta pelo DEM contra o sistema de cotas da UnB (Universidade de Brasília), que reserva 20% das vagas para autodeclarados negros e pardos.
Ayres Britto disse durante o voto que os erros de uma geração podem ser revistos pela geração seguinte e é isto que está sendo feito.
Em um voto de quase duas horas, o ministro Ricardo Lewandowski afirmou ontem (25) que o sistema de cotas em universidades cria um tratamento desigual com o objetivo de promover, no futuro, a igualdade.
Para ele, a UnB cumpre os requisitos, pois definiu, em 2004, quando o sistema foi implantado, que ele seria revisto em dez anos. "A política de ação afirmativa deve durar o tempo necessário para corrigir as distorções."
Luiz Fux foi o segundo voto a favor das cotas raciais. Segundo Fux, não se trata de discriminação reservar algumas vagas para determinado grupo de pessoas. "É uma classificação racial benigna, que não se compara com a discriminação, pois visa fins sociais louváveis", disse.
A ministra Rosa Weber também seguiu o voto do relator. Para ela, o sistema de cotas visa dar aos negros o acesso à universidade brasileira e, assim, equilibrar as oportunidades sociais.
O quarto voto favorável foi da Ministra Cármen Lúcia, que citou duas histórias pessoais sobre marcas deixadas pela desigualdade na infância.
Em seu voto, o ministro Joaquim Barbosa citou julgamento da Suprema Corte americana que validou o sistema de cotas para negros nos Estados Unidos, ao dizer que o principal argumento que levou àquela decisão foi o seguinte: "Os EUA eram e continuam a ser um país líder no mundo livre, mas seria insustentável manter-se como livre, mantendo uma situação interna como aquela".
Peluso criticou argumentos de que a reserva de vagas fere o princípio da meritocracia. "O mérito é sim um critério justo, mas é justo apenas em relação aos candidatos que tiveram oportunidades idênticas ou pelos menos assemelhadas", disse. "O que as pessoas são e o que elas fazem dependem das oportunidades e das experiências que ela teve para se constituir como pessoa."
O ministro Gilmar Mendes também votou pela constitucionalidade das cotas em universidades, mas fez críticas ao modelo adotado pela UnB. Ele argumentou que tal sistema, que reserva 20% das vagas para autodeclarados negros e pardos, pode gerar "distorções e perversões".
Celso de Mello disse, durante seu voto, que ações afirmativas estão em conformidade com Constituição e com Declarações Internacionais subscritas pelo Brasil.
Marco Aurélio Mello também seguiu o relator e votou pela constitucionalidade do sistema de cotas. Dias Toffoli não participou do julgamento por ter dado um parecer no processo quando era da Advocacia-Geral da União.