Atualizado em 14 de março, 2013 - 13:28 (Brasília) 16:28 GMT
A
redução na pobreza especialmente em países emergentes, como o Brasil, tem tido
um importante impacto na melhora dos indicativos de desenvolvimento humano
mundial, embora o Brasil ainda fique atrás de muitos de seus vizinhos, informa
o relatório sobre IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) divulgado pela ONU
nesta quinta-feira.
No
relatório, intitulado The Rise of the South (“A Ascensão do Sul”, em tradução
livre), a ONU diz que, "na última década, todos os países (do mundo)
aceleraram seus avanços em educação, saúde e renda medidos no IDH – de forma
que nenhum país com dados disponíveis teve um IDH menor em 2012 em comparação
com 2000".
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O
Brasil, com IDH de 0,730 – quanto mais perto de 1, melhores os indicadores;
quanto mais perto de 0, piores eles são -, é citado como um dos países em que
"políticas pragmáticas", como distribuição de renda, investimento na
educação e avanços econômicos, ajudaram a reduzir a (ainda alta) desigualdade
social e a aumentar seu papel no comércio global.
Com sua
nota pouco superior aos 0,728 medidos no relatório anterior de IDH, o Brasil
está em 85º lugar no ranking de 186 países, com indicadores sociais piores que
diversos de seus vizinhos, como Argentina, Uruguai, Venezuela e Peru, e outros
países latino-americanos, como Costa Rica, México, e Cuba.
No
relatório anterior, o Brasil ficara em 84º lugar, mas o Programa de
Desenvolvimento da ONU (Pnud), que divulga o índice, recomenda que não sejam
feitas comparações entre os relatórios, por mudanças na metodologia. Tanto que
a nota do ano anterior foi revisada de 0,718 para 0,728.
No
relatório deste ano, o Brasil é elogiado pela ONU por suas reformas para
controlar a inflação, por investimentos estatais em educação e por programas
como o Bolsa Família.
Desigualdade
O IDH
mede avanços sociais em expectativa de vida, educação, saúde, renda e os
recursos necessários para uma vida digna.
As
melhores notas são de Noruega (0,955), Austrália (0,938) e Estados Unidos
(0,937).
As
piores notas são de Níger e República Democrática do Congo (0,304), Moçambique
(0,327) e Chade (0,340), onde a expectativa de vida não passa dos 55 anos.
Apesar
da melhoria global, os avanços não foram capazes de eliminar uma grande
desigualdade social na maioria dos países.
Índice de Desenvolvimento Humano, segundo
a ONU
1)
Noruega - 0,955
2)
Austrália - 0,938
3) EUA
- 0,937
45)
Argentina - 0,811
59) Cuba - 0,780
71)
Venezuela - 0,748
85)
Brasil - 0,730
101)
China - 0,699
136)
Índia - 0,554
185)
Moçambique - 0,327
186)
Níger e República Democrática do Congo - 0,304
Quanto
mais perto de 1, mais alto é o desenvolvimento humano do país; quanto mais
perto de 0, mais baixo ele é
No caso
do Brasil, a diferença entre ricos e pobres "abocanha" quase um terço
da nota de IDH do país. O mesmo vale para China, Índia ou Venezuela.
Segundo
a ONU, é improvável que os avanços em desenvolvimento humano continuem caso a
desigualdade - seja em gênero, em renda ou em educação - persista.
O
alerta vale também para a degradação ambiental, cujos efeitos ameaçam o
progresso social, e para as mudanças demográficas.
"A
taxa de envelhecimento da população importa porque países em desenvolvimento
terão dificuldades em lidar com as necessidades de uma população mais velha
caso ainda sejam pobres", aponta a ONU.
A
conclusão do relatório é de que, para aproveitar o momento de avanços sociais,
os países precisam investir em igualdade, participação social cidadã, cuidados
ambientais e em estratégias para enfrentar as mudanças demográficas.
'Ascensão do sul'
O tema
principal do relatório é a "ascensão do sul", incluindo o crescimento
econômico de países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).
"Pela
primeira vez em 150 anos, a produção combinada de três economias emergentes
líderes - Brasil, China e Índia - é quase igual ao PIB combinado de potências
industriais do norte, como Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e
EUA", aponta o texto.
"Isso
representa um rebalanceamento dramático no poder econômico global."
Esses
países também apresentaram avanços sociais, junto a outras nações em
desenvolvimento - a ONU cita especialmente Indonésia, África do Sul e Turquia,
além de "progressos substanciais" em Bangladesh, Chile, Gana, Ruanda
e Chile.
Uma
advertência importante, porém, é a de que o crescimento econômico não é
suficiente.
"O
crescimento por si só não se traduz em progresso no desenvolvimento
humano", ressalta o texto. "Políticas pró-pobres e investimentos nas
pessoas - por meio de educação, nutrição, saúde e habilidades técnicas - pode
expandir o acesso a trabalhos dignos e prover um progresso sustentável."
Para a
ONU, esse eixo sul "ainda enfrenta desafios formidáveis e abriga muitos
dos pobres do mundo. Mas mostra que políticas pragmáticas e um forte foco no
desenvolvimento humano pode abrir oportunidades latentes na economia, ajudados
pela globalização".
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